sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

sImples

vi a tua face no escuro
os ventos corriam contra mim
os relâmpagos cegavam a cada disparo
a chuva agreste e gelada mantinha-me distante
a esperança, ténue e estreita...corria para longe

em tempos de borrasca
o caminho terá que ser sempre de volta às raízes
o coração materno é cura e solução
a simplicidade da amizade a cortina que afasta o dilúvio
a tua mão estendida é a ponte para a felicidade

neste natal voltei ao simples
deitei fora os papeis brilhantes
as luzes na árvore são sorrisos teus
os enfeites são abraços dos meus amigos
a tua face brilha de novo

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

o pAi nAtal qUe eU cOnheço

Sento-me a teu colo
Gasto pelas correrias dos miúdos
Cansado pela espera do tempo
Lento, triste e bolorento
Frio como o árctico mais gelado

Abandonado e desolado o teu olhar
Perdido entre a minha face e a outra lá atrás
Resignado na posição e no alento
Resignado à impossibilidade

Peço-te sonhos e quimeras de amor
As minhas palavras são estalidos ao teu ouvido
Pedaços de alegria que te afastam mais de mim
Que te fazem fugir uma vez mais

Peço-te os meus sonhos em estado sólido
Tu pedes-me perdão baixinho
Em forma de um sorriso triste
de uma lágrima gelada que cala

Cala a fúria contra os maus corações
Os que destroem o seu pulsar apaixonado
Os que o fazem entristecer a cada ano que passa
E sem graça afastam a alegria da terra.

Sussurra-me ao ouvido…
Enche-me o coração de esperança…

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

sOrriso

o sorriso é sincero
é aberto em luz da aurora
é aroma de manhã fresca de Abril
é chuva de verão em finais de Agosto

coras por um segundo
seguido de uma hora inteira de sol
ao qual te aqueces com esse sorriso
sincero, tranquilo e intenso

toca-me
faz-me corar com um simples olhar
faz palpitar o cavalo que dentro de mim
salta, destrói as barreiras e se acalma
com a tua candura de menina princesa

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

mIl vEzes

toma-me conta do coração
por uma hora, seguida de um dia
pelo tempo que demorar o meu sorriso
pelo tempo eterno da minha loucura

toma conta do pulsar do meu coração
ele que bate rápido e descompassado
coloca-me distante da calma, do pensar racional

tudo é emoção junto dos teus lábios
toca-me enquanto me despeço de ti
faz-me acreditar no Pai Natal, no Abominável
faz-me crer em Deus...

o regresso é sempre um desejo
quem foge deseja sempre ser encontrado
mesmo que guardes o meu coração
não lhe digas que morri
mente-lhe, sussura-lhe o meu amor por ti
mil vezes por hora, mil vezes não menos...

sOlucei

admiro-te o sorriso
a sua envolvência mágica tomou conta de mim
o veludo da expressão conquistou-me num segundo
e parou desde então num abraço carente

ontem sorriste de novo para mim
chorei de alegria lágrimas em ritmo de gargalhada
solucei três vezes e riste-te da minha figura

ri-te que eu deixo...

sAlvo

o sorriso preenche-me o rosto
quem passa na rua ri, desconfia e segue
não conhecem concerteza o meu eu
o antigo morreu e novo me parece

mutado pela tua candura
pelo olhar pacificador que me salvou
sou hoje feliz no todo, não só no rosto
o meu coração acelera quando te vê
salta a barreira quando te toca
e te ama...chora quando te ama
lágrimas envoltas em papel couchet encarnado
longas e sorridentes lágrimas

vens para ficar, espero

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

oS 2

a tua voz ao ouvido é quente
eleva a conversa a uma sensualidade cutânea
a cada palavra que disparas na suavidade do teu pensamento
o meu corpo estremece, sente-se invadido
penetrado a cada segundo, sem piedade nem vontade
só desejo que não pares...

continua com a poesia do teu dia, vadia
sem regras, sem mapa e sem mim
fode-me a alma, com força
não te acanhes perante a minha face de sofrimento
ela é falsa...tenta enganar-me com o meu próprio odor a medo
de não te ter, assim dentro de mim

ama-me o corpo, com doçura
toca-me com paciência e pétalas de rosa encarnada
encarna em ti o amante ternuroso que não sabes ser
engana-me a mim como o fazes a ti...e parte
corre para longe e leva-me contigo
este mundo é demasiado pequeno para os 2

lOnge

ao longe sinto o teu perfume
o seu calor inesquecível mais não é
que a memória do sexo embebido em alcool
embriagado na saliva que bebi de ti
perdido nas lágrimas que escorreram pela face
triste, fechada e cansada de mim

ao longe vejo-te feliz
saltitas por entre as dunas de Jacinto
constróis castelos de areia que jamais serão derrubados
habitarás cada uma das alas, e em todas
em cada uma delas serás feliz...

ris por entre os juncos que me escondem
a tua alegria é sarampo que desejo
para a qual não existe cura nos almanaques
não existe...não quero que exista

ao longe um dia chegarei

cOnvite dE cAsamento

O beijo dos bancos de escola, a memória encarregou-se de o guardar numa caixinha de música, debruada a sorrisos cúmplices e inesquecíveis.

Da ausência provocada por caminhos diversos, trilhos de vida que nos viram crescer, foram na simplicidade das palavras, apenas a confirmação da inevitabilidade do nosso amor…

A dimensão do tempo é relativa…um dia é suficiente para dizer que te amo…desejo repeti-lo hoje, amanhã e sempre, na roda insaciável do tempo…do nosso amor!

amiga sandra...a felicidade não tem hora marcada..!!

oRación

arrepio na espinha
profundo, longo e com sabor a espuma
salgada e inesquecível

o som penetra-me os sentidos e fica para sempre,
não o abandono jamais
a suavidade e força da tua voz é feitiço
religião sem deus, só rock

sEntido

o sentido da vida
na verdadeira decepção da palavra
deveria levar-me ao fundo do poço todos os dias
se ele assim o quis num dia louco de Dante

o impulso de um sorriso muda uma vida
o teu retirou-me do poço, trouxe-me à luz
fez-me perceber a beleza da respiração /transpiração
da imensidão da língua até ao íntimo da alma
salvou-me da morte

palavras de gratidão podem saber a injustiça
no final os actos marcam a vida, as palavras só a selam
e neste rebuliço que a minha se tornou
a tua paz a mim dá-me força para viver

o sentido da vida
desconheço quais os seus misteriosos desígnios
mas disposto estou a render-me à sua inevitabilidade

nInho

de volta à prosa...
não sei se será condição animal, mas o ninho é algo que a mim sempre me seduziu...durmo como se um pássaro fosse, como se ainda dentro do ventre da minha mãe estivesse...faço ninho nos dias frios de inverno...nos quentes e suados dias de verão, pelas 7 da tarde num domingo preguiçoso.desde que partiram... todos partiram um dia da minha vida...acabei por perder o ninho.roubado, abandonado não sei...apenas sei que muito tempo perdi em sobressalto pela sua ausência...pela minha incapacidade em me aninhar sobre mim próprio de pois de tudo...mudar é bom...neste caso foi...não encontrei o ninho antigo...em contrapartida este agora é novo, renovado, limpo e sarado...sei que preguiçarei longas horas no seu regaço...no meu e no teu também.nunca abandonem o vosso ninho...e se o perderem, procurem outro...a vida sem ninho é pássaro sem asas

sIgur rÓs

nas asas do vento
o teu sorriso eleva-me ao paraíso
a tua alegria contagia a minha tristeza
transforma-a em risadas compassadas a mel

no teu movimento vibrante
a graça do teu toque é único
integra o teu ADN mutado a flor de lótus
diferente sabor para semelhante amizade

sabes entender o mundo como nunca o verei
a tua verdade é-me estranha
assim como eu mutante te pareço
mas o sorriso quebra o espanto
e assim, a tua mão na minha se entendem
abraçam, beijam...amam

rEpleta...sAltitante

ermo o caminho que percorro
sozinho em direcção a lado algum
os ciprestes que me acompanham sabem
todos os dias que aqui passei sem ti
despojado de tudo o que nunca tive
às costas apenas uma sacola com amor
repleta e saltitante sacola que te procura

a escuridão guia-me o caminho mais uma vez
as estrelas fizeram um pacto contigo
trocaram-me à tua beleza infinita
assim como incontáveis são...serão eternas
sua luz e a tua beleza

luz no fundo da senda?
estrela maior que me procura agora
me aproxima de ti...tou perto...espera
não temas pela minha loucura, pura e sincera
transformada em amor dentro da sacola repleta...saltitante.

vEludo

és veludo para a minha alma
o toque suave da tua mão no meu rosto
afaga-me o sorriso, liberta-me o desejo
invade a rua de todas as cidades que testemunham
perde-se nas esquinas do meu corpo, redondo

a minha alma tem forro novo
de um vermelho vivo, quente, inesquecível
memória de elefante perdurará no tempo
no eterno desígnio do tempo sem fim

não limpes a minha alma, deixa-a sujar-se
o veludo que a cobre resiste ao passar do tempo
ao pó do uso, ao desgaste da solidão
és o veludo da minha alma
do bom, do melhor...do meu

o tEu sUl

corro pela praia, vazia
a roupa deixei-a em tua casa
abandonei-a onde sabia que estaria bem guardada
onde era desejada, me foi arrancada
em violentos puxões de amor
mergulho no mar, frio e salgado
o cheiro do iodo faz-me lembrar
aquelas manhãs de Junho, frescas, abraçado a tinad
o sem rumo definido
a bússola que me deste encravou no Sul

viajo até ao fundo
mergulho eterno à procura dos braços
dos teus...
salva-me, nada comigo
leva-me de novo ao calor do teu Sul
devolve-me a esperança nas lágrimas de amor

aRoma

galope constante e frenético
apaixonado e melancólico, alcoólico
o suor escapa pelo lençol de seda negra
inunda o sofá de pele vermelha que ontem comprei

açoita-me o coração mais uma vez,
acelera até ao tecto e volta para mim... devagar
deixa-te cair no meu regaço quente
que te transforma de novo em puro sangue incontrolável
foges por entre a neblina de nosso suor,
mas regressas, e foges de novo...e regressas...
até quando?

a calma voltou
por entre os feridos lábios da paixão
as mãos rasgadas pelos arreios que me colocaste
o suave cheiro do trote fica na sala
longo, demorado e inebriante este aroma...o teu

o cAlor dA tUa mÃo

o calor da tua mão sobre a minha face gelada
tem sabor de chocolate quente ao entardecer
ela que derrete sobre os meu lábios
mergulha na minha boca e preenche-me o coração
com a doçura que o frio congelou ontem

temi por um minuto que não voltasses
que o abandono fosse durar a eternidade das palavras
condenadas pelos outros que não me conhecem
a quem recuso oferecer algo de mim

o frio instalou-se depois de tanta humidade
lágrimas escorreram por todos os poros
inundaram todas as grutas de cor azul
tornaram-me naufrago no meu próprio mar

o calor da tua mão sobre a minha face gelada
tem sabor de despedida desenhada pelo meu olhar

mImo

preciso de mimo
preciso que me apertes junto ao teu colo
solta essa mão sobre mim
ela que se perca dentro do meu corpo
que me faça feliz por um minuto
e depois mais um, e dois... e todo o tempo preguiçoso

sEntido oBrigatório

cheiro de africa aqui na sala
o ritmo lento da tua voz ao meu ouvido
encanta-me a alma perdida em tanto nevoeiro
Oriente perdido, rumo ao teu Sul negro
a bússola indica o trilho curvado pela ausência
de ti...ausência de ti próximo de mim, sem fim...
indescritível a distância que nos separou
imperdoável a linha que cruzou este oceano

Casablanca rodeada de sinais teus
indicando o caminho ao meu coração
perdido está, na poesia do sentido proibido
na nostalgia do sentido obrigatório... ao teu amor

aO sAbor dA bRisa dA pAixão

Ao som do piano de cauda
Corpos entrelaçados no suor do tango
Olhar fixo na paixão insaciável e voluptuosa
da música quente, no som que nos aproxima finalmente

Pára...tudo pára em nosso redor
a dor fica suspensa no tempo demorado do toque

das voltas e voltas da nossa paixão, tesão
no inquilino olhar daqueles que desejam ser como nós
imitar o nosso ritmo doido, o nosso ritmo ritmado

Pára...o som do piano acalma
mas o coração é agora locomotiva de vapor vermelho
da cor da tua face, pintada a sangue doido
sem apeadeiro, apenas com destino ao prazer
e num ápice, abandonamos a sala e voamos
asas ao sabor da brisa da paixão
asas rumo à eterna melodia do amor

rOnda dE nAtal oNtem

Conforme prometido, a grande ronda de Natal da Fas+ saiu ontem à rua.

Para mim, segunda vez no percurso, junto de um grupo muito mais alargado e com várias caras novas, deixou-me menos nervoso que há 3 semanas atrás...penso que a tua ajuda, companhia e motivação constantes destes dias me deixou mais forte, e portanto, sabendo lidar melhor com a minha própria inexperiência...

Bom..que ritmo pré-ronda...das 19h às 20h30 tinha apenas que assinar o contrato da minha casa nova [para isto tive ajuda... :D], buscar a chave do escritório aos Carvalhos [obrigado Cris pela paciência], pois esqueci-me delas...ir a casa trocar de roupa, e encher a mala do carro com roupa acumulada em 2 semanas [penso que os meus vizinhos desconfiaram de mim...tipo "será que ele agora acumula lixo?!?"]...passar em casa do meu cunhado, pois ele quis iniciar-se nestas andanças também...seguimos logo para a Agência, de forma a imprimir os flyers que me tinha esquecido de fazer, e que tão importantes eram para esta noite especial...

Milhares de pessoas na rua desta vez...um cenário que deveria ser eterno...daria real vida à cidade que tanto amamos, mas que infelizmente nos restantes 360 dias do ano é um triste deserto de poucas almas sem abrigo...esses desta vez não estavam na Sta Catarina à hora que passamos...

Na baixa tudo dentro da normalidade da rotina da solidão...as mesmas caras, que percebi ficaram com um brilhozinho nos olhos pelo nosso gesto...até a almas tristes a química do Natal é tocante...

A D.Maria, dos seus imponentes 70 e tal anos, a fazer luto pela morte de um ente querido não aceitou o casaco que lhe dei...supostamente por ser "muita à velha", segundo a sua definição...ficou sem nada de novo, uma vez que as roupas mais "jovens" não serviam no seu elegante tamanho 52!

Ronda termina no Aleixo, ok?

Vou ao Vila Galé buscar mais comida, pois sempre existem mais e mais utentes no bairro...trouxemos pão e mais de 20kg de fruta...2 horas depois já nada sobrava...as mesmas caras, algumas conhecidas demais para nos deixarem indiferentes...e a "água" a perturbar as conversas...

03h30...obrigado Maia pelo teu testemunho...foi importante para todos nós, uma lição de vida...queremos-te mais vezes connosco...

menina bonita, limpe essa lágrima do rosto...

cOntos dA pRincesa 2

Qual o perfume que colocaste esta manhã?...sim, esse que me está a criar pensamentos impuros, pensamentos insanos e marotos...pensamentos perdidos no olhar do espelho da manhã.

Como não disseste...resolvi parar com os pensamentos...ultimamente tenho-me cansado com eles, e o que preciso mesmo é de descansar.Gustavo sempre se cansou demasiado com a sua própria pessoa, nunca com os outros...esses estão sempre em primeiro lugar, são os perfeitos e coisa e tal...

A Princesa voltou a casa, depois da manhã fora...o perfume continua intenso...

áGua dE aNjo

Chorar nunca foi uma das minhas qualidades...
admiro todos aqueles que através da libertação de água de anjo conseguem expurgar os seus males...
acredito que se o conseguisse fazer seria mais feliz, mais tranquilo comigo mesmo

partiram as duas vozes mais importantes para mimo dia da despedida nunca é fácil, mas para mim foi anestesiante...passou por mim como uma brisa de manhã de primavera...o gotejo do orvalho não foi o meu, esse ficou cá dentro aprisionado na força encapuçada...

partiram para sempre, dizem...se um dia chorar as lágrimas que guardo cá dentro sei que lavarei a alma...mas ainda tenho medo de elas também os levarem de vez...

eu não acredito no para sempre...eu acredito no até já, rápido ou demorado...no até já eterno da roda do tempo

aMar é

Malvada a pequena hora que nos resta
Se tudo o que tenho para te dizer
Tudo o que tenho para te esconder não se revela em tão pouco tempo

Dizem que o maior amor é aquele que se oculta
o que nunca denunciaremos ao vento, ao relento da noite passada
Mesmo escondido, temo por ele,
temo que se perca e não volte nunca mais para mim
guardo-o então dentro de minhas mãos geladas

mas no final, são elas que te procuram de novo
são elas que te buscam na noite futura
serão elas que me irão trair, expor ao amor da minha vida
e sem mais protecção, irei voltar para o calor dos teus lábios...

amar não é perder tempo com carícias inúteis,
amar não é fugir à estrada do teu corpo
se é nele que me quero perder todos os dias, todas as pequenas horas que temos
se nele voo com asas de espuma pliçada

amar é sentir-me dentro de ti sempre que me penetras a alma

pRenda dE nAtal

Pai Natal...para mim pode ser um beijo e um abraço apertado...

o sOrriso dO tEu oLhar

o sorriso

os lábios em volúpia acelerada, galopante
imagino que a doença te esteja a abandonar,
ela nunca te mereceu...é má, é uma puta

dia a dia acredito na redenção da alma
acredito no teu sorriso
acredito no teu galope, ritmado a framboesas doces
acredito que essa alegria afastará a doença de mim também...

preciso de ti
se nunca o disse, canto-o agora com os pulmões doidos
se nunca o disse...perdoa-me com a candura

do teu olhar

cOntos dA pRincesa 1

- Freestyle de sushi e sashimi por favor...e 3 doses de saké bem quente...2 para agora e outro para a viagem, que a noite vai ser longa, e as de Dezembro aqui não perdoam...

De manhã, Gustavo acordou atormentado pelo peixe imperial...esse assassino impiedoso da conversa, por entre folhas de gengibre e risos sinfónicos...

A Princesa acordou nos lençois frios, molhados pelos suores gelados do pesadelo do Sr. das Botas Roxas.Ultimamente parece que todos os seus movimentos são vigiados por esse personagem...esta noite apareceu de novo, vestido de cinzento, longo casaco apertado contra a barriga de vinho de barril, ar de quem a quer magoar, mas no final limita-se a rondar os sonhos e não lhe bate...não lhe fala...apenas dirige aquele olhar frio e penetrante...

A Princesa hoje não sai de casa...a noite longa, a noite mal dormida terá que prolongar-se pelo dia...hoje Gustavo não terá a princesa espelhada no seu olhar...só o Sr. das Botas Roxas...

fAs+

Fazer + por alguém...por um amigo, pelo teu maior inimigo...pelo desconhecido que dorme na escada daquele prédio...
Na semana passada descobri esta última dimensão...
Levado sem aviso...raptado pela amizade para uma missão para qual não tinha qualquer laço, algo que me era totalmente desconhecido...e...declaro a minha total ignorância pelas histórias da noite...daquela noite...daquela realidade tantas vezes ficcional para todos nós...

Fazer a ronda...distribuir roupa, comida, atenção e carinho...algo que para aqueles que gelam com o frio e com o esquecimento, é mais do que uma dádiva...é um pouco de alegria no seu suturno modo de vida...

Primeira vez...mais virão...muita roupa para distribuir nos anos que aí se avizinham...e aquilo que mais me tocou não foi ver a desgraça de outro e sentir-me confortável com a minha vida...foi deixar-me ir na corrente...na contracorrente que foge da tristeza

hEroes dEl sIlencio

Quem me conhece bem, sabe da minha perfeita e irracional loucura por 4 homens, espanhóis e armados em bons, que dão pelo nome de Heroes del Silencio.Confesso que nunca imaginei ser influenciado por tal espécie, mas a verdade é que, desde os meus 15 anos, a minha personalidade sofreu mutações irrecuperáveis, devido às suas letras profundas, às suas melodias agressivas e penetrantes, mas sobretudo à sua noção de mérito.Algo que falta na alma portuguesa, e que tanto nos definha é o sentido de mérito e valor. Com Heroes, aprendi que, se o que faço é bom, não importa a nacionalidade e rótulos que lhe dão.Por isso, rejo a minha vida pessoal e profissional com tanto entusiasmo e olhar sobranceiro sobre as adversidades e "adversários", como Heroes o fazem sobre "as mentes pequenas" que sempre pensam que o mérito do outro é sempre maior do que o nosso.Quem não me conhece bem...melhor, quem não conhece bem Heroes del Silencio, talvez não entenda este texto...mas se todos pensassem desta forma, seríamos mais felizes com a nossa própria felicidade.Sábado passado foi um dia mágico...eu e mais 88.000 pessoas presenciamos o que o sentimento, o amor e a paixão fazem por alguém moribundo, triste e vencido...O melhor foi mesmo ter a tua companhia para me entenderes um pouco melhor... eu sou Heroes, e Heroes são um pouco de todos nós...

tIo aVô

No dia em que nasci, o belo 19 de Março de 1978 [recordo-me como se fosse hoje que estava um dia lindo, com um sol penetrante e uma aragem fresquinha, típica das manhãs de Março. Recordo-me ainda da parteira, alta e com um decote sexy...ui, ui, ui!]...

Voltando ao dia em que nasci, deixando de parte as minhas primeiras memórias, devo confessar a todos que, nascia ali um miúdo já com enormes responsabilidades familiares. Eu nasci Tio.

Dois anos antes, ainda nem em projecto andaria eu, nascia a minha primeira sobrinha, de seu nome Xuxana....não entenderam? eu repito: Xuuuxaaana!

Nem imaginaria ela naquela altura, em plenos anos 70's, que a caminho estaria um Tio ainda mais novo, daqueles estilo Galã de filme cómico anos 50's, que adoraria música dos anos 80's, e que tinha como sonho poder vir a ser um gangster de Chicago dos anos 20's...!!

Bom, a semana passada vim a saber que eu, sim, eu...vou ser Tio-Avô.

Ser Tio-Avô será como ser o Super-homem vestido de reformado da CP, segundo a minha perspectiva: "defenderás com todos os teus poderes a tua sobrinha, assim como a levarás a passear ao jardim onde jogas dominó todas as tardes". Vá..é um mix!

De um momento para o outro, passarei de marginal delinquente-educado, sem eira nem beira, para respeitado e eloquente Tio-Avô, de casaco ao xadrez e cachecol bordeaux...

dedicado à Margarida...

mEdo dO pRóprio mEdo

Depois de almoço senti-me indisposto.
As palavras que me dirigiste foram mais difíceis de digerir do que a tripalhada que me afagava a barriguinha sexy.

Adoro tripas, muito embora fuja das ditas como um escaravelho foge de um pimento da horta do Sr. Acurcio! Odeio, abomino tripas, mas reconheço que o sabor é um must do divino culinário portuense...apenas não suporto o tacto na boca, por isso peço sempre tripas "sem tripas".

Quase vomitei...felizmente detesto este acto, portanto não o fiz...mas juro que se estivesses mais próximo de mim irias sentir a minha ira, a minha raiva...

Por vezes tenho medo de mim....medo do próprio medo que causo à minha pessoa.
A tua sorte é teres-me pelo beicinho...senão... ai, ai, ai...

dÉcimo

A maré sobe, pula a cerca de juncos
No vértice da canoa ele sabe quem a domina
pela frente somente sente gente descontente
e num ápice a alegria em tristeza se entende

Entendi ontem que hoje seria derrotado
Hoje sei que a vitória está distante
Mas a luta que em mim se trava...
A luta que em mim arde, corta... asfixiante
Será amanhã a vitória inesperada, sentida e amada

Porque de amor se fazem grandes vitórias
De amor se faz a vida...dura, suada, mas sentida

À décima digo que te amo
Ao décimo amo-te sem medo de ser derrotado
Pois a maré fria, forte e galopante
é agora aquela que o leva até ti

dEntinho

Não pensem que vou falar do jornalista Paulo Dentinho...ilustre repórter de guerra com nome ameaçador [imagino-o sempre de frente a uma metralhadora dizendo em Inglês: "don't shoot..I'm a Portuguese journalist. My name is Paul Small Tooth"]...
Preciso mesmo de partilhar com todos o trauma deste meu início de semana. Nada de overbookings, ou cancelamentos...isso para mim são "peanuts"...
Na 2ª feira tirei um dente...felizmente ainda tenho uma saúde oral [a mental está pelos dias da amargura, bem sei] razoável, e portanto não estou a parecer o "Emplastro", antes de conhecer a alma misericordiosa que lhe pagou a dentadura...Tirei um dente do sizo...daqueles para os quais ainda não arranjaram explicação plausível para a sua existência....eu até entendo que tenhamos pêlos púbicos, para acumularmos cheiros atractivos em termos de rituais de cópula....mas dentes do sizo??
Se tivermos a sorte de os nossos terem a coragem de romper a gengiva, o tratamento até nem é tão doloroso...mas agora aqueles cobardes, que só porque estão quentinhos dentro da casinha, e têm a mania que são uns snobs que não se gostam de sujar e recusam-se a sair...malvados...obrigam-nos a cirurgias que fazem inveja aos "pealings" da Lili!
O meu foi dos fáceis....saiu sem gritar, não se despediu de mim, e ainda por cima deixou-me com um buraco de meio metro onde a "sandes" de chouriço que religiosamente como todas as noites, se mete por inteiro... qual lancheira Tupperware...Agora sinto-me mais sozinho...e fico preocupado por não saber se ele estará bem, por aí ao abandono, sem nada para trincar...

dIalecto dA aMizade

Nas ruelas estreitas de Havana, repleta de cheiros inconfundíveis e de sons que conquistam o mais duro dos corações, Peter conheceu uma amiga...olhos nos olhos, sentiram o respirar cadente e confiante de cada um, e num ápice a amizade surgiu, tal qual um girassol desponta logo que a sua semente toca a terra húmida.

Dias de calor criaram raízes mais fortes, e Peter e a sua nova amiga viveram um Éden de emoções, limparam lágrimas passadas, daquelas que só os grandes amigos sabem limpar da face, e riram...riram muito...e dançaram...como dançava bem a amiga de Peter...

Peter chorou...a amiga foi embora...e agora que o coração de Peter batia num compasso diferente...o amor estava agora a controlar a sua incontrolável saudade...

Anos de distância matam um grande amor...o de Peter morreu...voltou a nascer num vaso de uma cor diferente...aliás, em vários vasos de cores garridas, de cores frias alguns...uma grande amizade resiste até ao mais longo dos desertos...silêncios...socos...

E ontem, nas ruas largas e cinzentas de Nova Iorque...Peter encontrou de novo a amiga...ah! essa amizade é inseparável e vai durar até que a memória esteja cansada de lembrar...

aLma

Deixa-me contar-te um segredo...daqueles que nem mesmo algumas partes da minha alma conhecem os contornos. Tento desesperadamente ocultar isso dela, com receio que me traia e exponha aos mais profundos e reprovadores olhares.

Dizem que o olhar é o espelho da alma. A alma será então aquele personagem que olha, se admira e pensa ser o dominador completo e uno das minhas, ou das tuas forças...eu por vezes tenho medo da alma, da minha, da tua quando estás triste...mas a minha é pior..é má..eu choro por ela, como por vezes choro por ti.

Dizem que chorar alivia a alma. Nisto eu não acredito, pois a minha provoca-me este rio de lágrimas, salgadas, amargas e geladas.Por isso não choro sempre que preciso, tento vencer a minha alma, com aspecto de cavaleiro romano, que mesmo perdendo uma batalha, nunca perderá uma guerra...e mesmo que a perca sabe que um dia vencerá alguém...nem que seja a alma, má, fria e cruel que não me deixa ser feliz...

Dizem que o amor traz felicidade.

Ah! Belas são estas palavras conjugadas numa frase reconfortante..vou escondê-la bem da minha alma para que um dia possa eu encontrar a felicidade do teu amor.

dIas aTlânticos

Magníficos dias atlânticos,
Onde o sol esconde a tua imagem
Bem longe no horizonte que me parece tão perto,
Na proximidade que acredito ser cutânea,
Que sinto no toque da tua língua.
Ínsua de lágrimas banhada,
As mesmas que ontem me fizeram ainda mais afastado.
Inundando o mar que nos separa.

Um dia será ele que nos encontrará
Afastará os montes e vales,
Derrotará as crateras da lua, o mar da Tranquilidade
Convencerá os homens da inevitabilidade da nossa paixão
E nesse dia, nadarei a teu lado
Voarei nos mares que juntos conquistámos
Os teus braços serão minhas pernas e meus lábios teu olhar
Pois incontornável será a força do nosso amor.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

lUstro

As sombras das memórias sem fim
medo de revelações asfixiantes
O respiro ofegante do morto
O lustro que se vê na face lânguida e impaciente.

Tudo pára de repente.
A brisa lá fora acalma a alma do poeta
O seu toque de mágico incendeia a escuridão
E sem mais demora, aquece o corpo que outrora gelo era.

Mas agora fervilhando de vida
Tudo volta ao tormento ilustrado
Pois o lustro que o recobre
É medo do seu medo por si mesmo.

eNcarno

Do mundo que vês agora
Pouco e nada voltarás a reconhecer
Demoníacas forças se unem lá fora
Para que tu, sim tu, possas morrer

Desfaleces em sangue
Este ferve em bolhas de prazer
O eterno sabor não é estanque
Para que tu, sim tu, possas morrer

Para que tu, sim tu, possas morrer
Apenas é preciso que outra alma
Um vulto na noite espessa e fria
Se volte a formar e te deixe viver.

criado em 21.02.2001

Quinta-feira, Junho 28, 2007 Escrito por Eduardo Almeida em 11:45:13

rÁdio fUturo

Imaginam 3 miúdos a fazer rádio...Miúdos mesmo...10 anos...12 anos...com 2 rádios manhosos (mas que nos 80's eram o máximo, daqueles gigantes, cheios de luzinhas coloridas e uns botões ultra ergonómicos, que só de carregar no play e rec ficava-se com 3 calos eternos em cada polegar), e muita estupidez concentrada.Ontem lembrei-me desses tempos, ainda com a voz fininha, e que na gravação ficava completamente ridícula (vergonha, vergonha, vergonha sentia...até ao dia em que decidi começar a beber bagaço de 8 em 8 horas, tipo Asclepius). Parece que melhorou um bocado...o efeito secundário foi ficar com pelo no peito...outro trauma...!Mas voltando à rádio...faziamos programas "discos pedidos", com telefonemas reais saídos da nossa imensa e tresloucada imaginação...concursos com prémios que fariam corar os senhores do EuroMilhões...não me lembro se havia programa de cuscas...penso que não, eramos demasiado inteligentes já na altura.Um dia destes tenho que voltar à rádio...com a minha voz melhorada e o meu real pêlo no peito...Tita e Cris...é dedicado a vocês...

Quarta-feira, Junho 27, 2007 Escrito por Eduardo Almeida em 23:27:49

sAlvadora

Na praia todos nós esperamos, um dia, encontrar uma sereia, daquelas de longos cabelos loiros, corpo esculpido a sinzel demorado e virtuoso, mas sem escamas a cheirar a corvina de escabeche.
Eu tenho desejos diferentes: preferia estar na praia, mandar-me para o mar desloucadamente e ser salvo por uma nadadora-salvadora, estilo Pamela Anderson..assim teria sempre a garantia que nunca me afogaria, aconchegado nas suas bóias milagrosas...No outro dia, por sinal, deparei-me com outra situação: uma nadadora-salvadora, que não tinha bóias para salvar o incauto e "caramelo" banhista que não sabia nadar...nada de objectos banais...as suas unhas de metro e mais de meio permitiriam-lhe colocar só um pezinho dentro de água e alcançar o náufrago com a unhaca do dedo indicador...Que técnica magnífica...que "suplesse"...cravar a unhaca no céu da boca e salvar o "caramelo"...Sugiro que todos passem a sonhar com isto na vida...eu já não preciso sonhar, já encontrei...

Terça-feira, Junho 26, 2007 Escrito por Eduardo Almeida em 16:32:16

cAmomila

D. Teresa levantou-se manhã cedo e acordou-me em sobressalto. Não sei ainda qual a razão de tanto alarido, mas de facto os olhos tingidos de fogo e o arfar de locomotiva meteram-me medo...melhor, medo não...pavor.Disseram-me há uns dias atrás que voodoo não seria mais do que um mero teatro de vaidades de espíritos sem mais nada que fazer, senão chatear uns quantos que imaginam coisas...eu acreditei nisso na altura, desconfiei no dia seguinte e hoje de manhã arrependi-me de ser tão naif.
D. Teresa estava agora envolta em espasmos incontroláveis, cuspindo tudo à sua volta (mas não eram bolas de fogo que lhe saiam da boca, infelizmente para mim...), insultando até o seu querido Jeremias que uns anos antes tinha tido a coragem de se por a andar dali para fora...sim, porque D. Teresa apesar daquela imagem de senhora afável, era uma tempestade de pessoa, capaz de nos amar e de nos odiar, como qualquer pessoa sã que tem paixão dentro do seu coração...bom, mas isso não é relevante para a história.
A verdade é que o chá de camomila tinha acabado, e para o pequeno-almoço havia apenas chá preto, daqueles que os Ingleses adoram tomar de manhã cedo, com os ovos mexidos, as salsichas e o feijão - uma combinação bombástica!!D. Teresa, que em mais de 50 anos de pequenos-almoços domésticos, nunca tinha perdido o seu cházinho de Camomila, estava ali diante de mim, em plena sessão de voodoo pré-camomiliana.Eu acredito agora nessas coisas do voodoo...a falta de camomila não terá de certeza este efeito devastador...

Terça-feira, Junho 26, 2007 Escrito por Eduardo Almeida em 01:52:56